A história do petróleo no Brasil se iniciou, em 1858, quando o Marquês de Olinda concedeu a José de Barros Pimentel o direito de extrair betume em terrenos situados nas margens do rio Maraú, na Bahia.
Em 1892, na cidade de Bofete no estado de São Paulo, ocorre a primeira sondagem profunda no Brasil. O poço, perfurado por Eugênio Ferreira de Camargo, abrange 488 metros de profundidade. Todavia, é encontrada apenas água sulfurosa.
Olavo Alves Saldanha, Fazenda Boa Vista
e o pioneirismo do Petróleo em
Campos dos Goytacazes - RJ
Coronel Olavo Alves Saldanha
(Nasceu em 1864 e faleceu em 1927)
Pioneiro na prospecção de petróleo em Campos dos Goytacazes (RJ).
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
E a verdadeira história do petróleo em Campos dos Goytacazes (RJ), tem o seu início em 18 de março de 1918, quando o Coronel Olavo Alves Saldanha, gaúcho, que havia sido prefeito nos períodos 1904-1905 e 1907-1908 em Quaraí, no Rio Grande do Sul, adquire a Fazenda Boa Vista com 2.263 alqueires, da Sra. Benedita Brasilina Pinheiro Machado, viúva de seu amigo e também gaúcho, General José Gomes Pinheiro Machado, por 1.200 contos de réis de porteira fechada. No patrimônio da fazenda constavam 9.000 bois, 700 carneiros e 30 cavalos.
Quando ainda era o proprietário da Fazenda, o General Pinheiro Machado, em 11 de fevereiro de 1913, recebeu o então Presidente do Brasil, Marechal Hermes da Fonseca, para uma caçada. Ambos percorreram os campos da Boa Vista, do Xexé até a Barra do Furado. Os limites da propriedade iam do lado direito da Barra do Açu, até a Barra do Furado. Podemos dizer então, que todo o litoral campista pertencia à Fazenda Boa Vista.
Fazenda Boa Vista 1910
Campos dos Goytacazes - RJ
A Fazenda Boa Vista quando o Senador Pinheiro Machado ainda era o proprietário
(Foto: http://www.ibamendes.com)
Fazenda Boa Vista 1910
Campos dos Goytacazes - RJ
Castração de cavalo na Fazenda Boa Vista, quando o Senador Pinheiro Machado ainda era oproprietário
Foto: http://www.ibamendes.com
General José Gomes Pinheiro Machado
08/05/1851-08/09/1915
Após a morte do General e Senador da República, Pinheiro Machado, que foi assassinado com uma punhalada pelas costas por Manso de Paiva, às 16h30 de 8 de setembro de 1915, no saguão do Hotel dos Estrangeiros, no Flamengo (Rio de Janeiro), Olavo vem a Campos visitar a a Sra Benedita e conheceu então a Fazenda Boa Vista.
Olavo gostou tanto do lugar, que por este motivo a viúva optou por vender a propriedade a ele.
Coronel Olavo Alves Saldanha e família
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
Da esquerda para a direita, a Sra. Seraphina (esposa de Olavo), o Cel. Olavo, o Sr. Quido, o Sr. Firmino, as Srts. Alzira, Virgínia, Seraphina e Maria (filhas do Coronel), Seraphim e Olavo (filhos do Coronel)
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
As filhas do Coronel Olavo Alves Saldanha
Fazenda Boa Vista (anos 20)
Campos dos Goytacazes - RJ
Da esquerda para a direita: Alzira (Ziroca), Maria (Maricota), Virgínia (Vina) e Seraphina (Sirene).
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
A Sra. Seraphina da Silva Saldanha, esposa de Olavo Alves Saldanha e seus filhos (anos 20).
Da esquerda para a direita: Olavo, James, Firmino, Seraphim e Cândido.
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Este cavalo da raça PSI de nome "Guerreiro", foi presente da viúva do Senador Pinheiro Machado ao Cel. Olavo Alves Saldanha.
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Carro de boi de roda fina, com capota, usado no transporte de veranistas no trecho Fazenda Boa Vista/Farol de SãoThomé.
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Foto captada do Mirante do sobrado da Boa Vista, em direção ao Farol de São Thomé.
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Para administrar a Fazenda, Olavo Saldanha mandou vir do Rio Grande do Sul, um homem de sua confiança, o gaúcho Euclides Pinto de Oliveira (1890-1986), pagando-lhe mensalmente 300 mil réis.
E foi ele, Euclides Pinto de Oliveira, Quido Pinto (como gostava de ser chamado), que se tornou um fazendeiro na região, a contar a um extinto jornal campista em 1982, como foi o pioneirismo em prospecção de petróleo em Campos.
O poço petrolífero pioneiro na Fazenda Boa Vista (1922)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
O ano de 1922 ficou marcado no Brasil porque aconteceu, em São Paulo, a Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal. Cada dia da semana foi dedicado a um tema: pintura e escultura, poesia, literatura e música.
Em Campos dos Goytacazes, este ano também se tornou histórico. Após detectar os primeiros sinais da existência de petróleo, Olavo Saldanha se associou ao então poderosíssimo Grupo Henrique Laje para realizar as primeiras sondagens na prospecção de petróleo.
- "Eu vi - revela Quido Pinto - as bolinhas de barro, tiradas do poço aberto por Olavo Saldanha e Henrique Laje, pegarem fogo quando se acendia um fósforo e soltarem um cheiro que mais parecia querosene!"
Quido, declarou que o seu antigo patrão, Olavo Saldanha, "era um homem de muita leitura e de boa cabeça". Foi o primeiro a procurar petróleo no município de Campos.
-" Na fazenda Boa Vista havia uma vala que estava sempre com uma água oleosa e que, volta e meia, pegava fogo. Naquela época, falava-se muito em petróleo no Brasil e o velho Olavo era curioso e lia tudo sobre o assunto. Um dia, ele chegou para mim e disse que ia perfurar o local. Mandou construir um tripé, onde descia uma caçamba, pegou um trator para puxar a caçamba e começou o trabalho."
-" Eu era jovem - prosseguiu - mas me lembro que, do barro que vinha na caçamba, ele fazia umas bolinhas que botava para secar no sol. Quando elas estavam bem secas, ele riscava um fósforo e elas pegavam fogo rápido. Depois saia uma fumaça e vinha, então um cheiro de querosene. Ele dizia que secava o excesso da água e que ficava no barro apenas o resíduo inflamável."
O poço petrolífero pioneiro na Fazenda Boa Vista (1922)
Campos dos Goytacazes - RJ
Técnicos, engenheiros e geólogos do Grupo Henrique Laje, vestidos com ternos de linho branco e sapato social, inspecionando os trabalhos na base da plataforma. O detalhe maior é a característica da tubulação utilizada: cano flexível corrugado.
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
-"Um ano depois - prossegue Quido - desanimado com o engenho que armou para perfurar o poço, ele foi ao Rio de Janeiro onde teve uma conversa com Henrique Laje. Semanas depois, chegou na fazenda um americano de nome Whikman, que examinou o local, as bolinhas de barro e, por carta, autorizou Henrique Laje a mandar a máquina de perfurar (foto acima). Alguns dias depois aquele trambolho enorme chegou pelo trem e, com carretas puxadas por bois, trouxemos ela de Santo Amaro até a fazenda".
- "A máquina levou alguns dias para ser montada pelo americano. Ela foi colocada num terreno de fronte à casa grande da fazenda e, perfurava por percussão, com o bate-estaca utilizado por essas construtoras de edifícios. Henrique Laje só veio uma vez à fazenda, quando ela começou a funcionar. Ela levou mais de um ano trabalhando e, à medida que a terra ia sendo retirada, as esperanças de se encontrar petróleo iam morrendo. Até que um dia houve a explosão do cano em que trabalhava a perfuradora. A peça empenou e, depois de perfurar pouco mais de 200 metros, os trabalhos foram interrompidos".
- "De lá para cá - finalizou - o velho Olavo se desentendeu com Henrique Laje e não mais chegaram a um acordo. Henrique queria comprar a fazenda do velho Olavo e este não concordou. Chegaram a falar em arrendamento, mas seu Olavo disse que só aceitava se ele ficasse com maioria. Depois disso, o velho adoeceu, morreu e o americano nunca mais voltou ao lugar".
A AFIRMAÇÃO
Com estes fatos, em Campos, podemos dizer que a existência de petróleo sempre foi uma esperança ou mesmo certeza, acalentada pelos antigos. A afirmação de que Campos possuia petróleo, com vasto manancial, aconteceu anos mais tarde, quando o geólogo Alberto Ribeiro Lamego, com base em estudos e pesquisas, afirma a existência do chamado "ouro negro" no sub-solo campista.
Os anos foram passando e muitas histórias surgiram: algumas lendas e fatos comprobatórios de que a Fazenda Boa Vista e o Xexé eram fecundos reservatórios de petróleo. Também no Morro do Querosene, inclusive no bairro do Turfe Clube e na vizinha cidade de São João da Barra, foram encontrados vestígios de petróleo. Conta-se a estória da descoberta em terras sanjoanenses e campistas de um óleo negro que pegava fogo e durava horas completamente aceso. E o teatrólogo Gastão Machado teve casas superlotadas em seu antigo Teatro Floriano, ao anunciar a revista "Tem Petróleo no Turfe".
No Xexé foram realizadas diversas pesquisas, além dos trabalhos realizados no oceano em Atafona (São João da Barra) e no Farol de São Thomé.
Ainda com relação às explorações realizadas em Xexé é bom que se diga que os trabalhos foram demorados e promissores sem, contudo, ser divulgado oficialmente o motivo da sua paralização
E O PETRÓLEO JORROU!
A Revista Manchete em sua edição nº 1.183 de 21 de dezembro de 1974, publicou uma extensa reportagem sobre a descoberta do petróleo em Campos, e aqui estão alguns trechos desta matéria.
A versão brasileira do Eldorado já não é mais a lendária "Lagoa Dourada", em cujas margens habitavam índios ornamentados de ouro e que chegou a atrair o famoso explorador inglês Fawcett à selva amazônica em busca da Cidade Perdida. O moderno Eldorado brasileiro está a pouco mais de 200 km do Rio, diante da cidade de Campos - à qual se chega pela moderníssima BR-101 - e é o poço da Petrobrás 1-RJS-9A, que poderá dar ao país a cobiçada auto-suficiência em petróleo. Está a uns 80 km do litoral campista, numa posição bastante precisa: 40 graus, 06 minutos, 25 segundos de latitude oeste e 22 graus, 13 minutos e 46,6 segundos de longitude sul. Foi aí que jorrou o petróleo que devolveu Campos às manchetes dos jornais.
No bairro de Guarús, ao qual se chega atravessando uma das três pontes sobre o largo rio Paraíba, ( a quarta ponte, que é metálica, serve apenas aos trens da Leopoldina), a alegria explode em muitas garrafas de champanha na casa do diligente Prefeito José Carlos Vieira Barbosa. Cercado de sua família, o prefeito de Campos exibe a mão coberta de petróleo do campos de Garoupa, enquanto uma amostra do combustível passa de mãos em mãos, como se fosse uma relíquia.
Uma banca de jornais na Rua Treze exibe duas enormes manchetes do Monitor Campista, com 140 anos de vida, o terceiro jornal mais antigo do país: É o Ciclo do Petróleo! É a Redenção do Brasil!
No jornal A Notícia, na Sete de Setembro, seu diretor, Hervé Salgado Rodrigues, diz com muito orgulho que foi um dos seus repórteres que deu o furo da descoberta do campo de Garoupa: "Em novembro de 1973, publicamos as declarações do mergulhador francês Jean-Pierre que já mostrava a existência de petróleo em frente ao litoral de Campos. Também o técnico Murray Lida nos disse, na mesma ocasião, que eram promissoras as perspectivas do campo de Garoupa. Fomos os primeiros a noticiar isso em todo o Brasil."
Nunca, desde a visita de Pedro II, em 1883, o orgulho campista esteve tão alto. Para eles o descobrimento do petróleo não chega a ser novidade. "O que mais nos surpreende é a extensão das reservas em processo de demarcação", disse a Manchete o professor Yvan Senra Pessanha, historiador campista.
"Desde o século passado se sabia da existência do petróleo em Campos. Nosso folclore está cheio de histórias de assombração que falam do fogo andante na região do Imbé. Em 1900, Júlio Feydit, com seu Subsídios Para a História dos Campos dos Goytacazes, revelou a presença do petróleo na região da Fazenda Boa Vista. E nosso importante geólogo Alberto Lamego Filho, em seu livro O Homem e a Restinga, ofereceu grande quantidade de evidências sobre a matéria. Mais tarde em 1944, o mesmo Lamego Filho ampliaria suas revelações com o livro A Bacia de Campos na Geologia Litorânea do petróleo.
1974/1975/1977
O INÍCIO DA PRODUÇÃO
Plataforma Sedco 135-D
Bacia de Campos dos Goytacazes - RJ
Esta foi a primeira plataforma a produzir no Campo de Enchova.
Em 1974, é descoberto petróleo na Bacia de Campos dos Goytacazes (RJ), no Campo de Garoupa. Em 1975, o governo federal autoriza a assinatura de contratos de serviços com cláusula de risco, o que permitiu a participação de empresas privadas na exploração. Por este contrato, as empresas investiam em exploração e, caso tivessem sucesso, receberiam os investimentos realizados e um prêmio em petróleo ou em dinheiro, mas a produção seria operada pela Petrobras. Houve apenas uma pequena descoberta na Bacia de Santos com a aplicação deste tipo de contrato. Em 1977, entra em operação o Campo de Enchova, o primeiro a produzir na Bacia de Campos, com a utilização do Sistema de Produção Antecipada. Pela primeira vez produz-se no Brasil a 120 metros de lâmina d’água. No final do anos 70, essa era considerada uma grande profundidade.
fonte:http://camposfotos.blogspot.com.br/2012/04/verdadeira-historia-do-petroleo-em.html
Boa postagem.
ResponderExcluirValeu!
Edicarlos, quando você sair de um computador que não seja o seu,feche o seu blog ou e-mail, para evitar que alguém escreva algo, prejudicando-lhe, pois você deixou o seu blog aberto. Se eu fosse outra pessoa qualquer, teria escrito em seu blog.
ResponderExcluir